sábado, 31 de outubro de 2009

00:17 a.m. - Carta'

Aqui, nesta madrugada fria de Londres, olho pela janela e consigo assistir tudo que vivi aí, todo aquele sonho que passei. Que passou.
Acabo de me lembrar que tenho milhões de compromissos pela manhã mas que nada que eu fizesse seria mais importante ou melhor que voltar a abraçar o calor e alegria que me esperam nos bares e esquinas que dividimos risos boêmicos, dramas e bebidas.
Estou com muito agasalho, mas mesmo assim o inverno europeu me consome. Ouço gritos na rua e insisto em não descer a escada correndo para chamá-los e me juntar a bagunça.
Mas a solidão me lembra a todo instante sobre a distância, e me rendo.
Uma vela acesa, incenso, o vento a balançar a cortina, um disco ligeiramente brasiliano.
A fumaça do cigarro me dá a ilusão de que pareça nuvens perto de mim. Certamente não seria o céu, logo pra mim que tanto errei? Não.
Receba as energias gélidas que transpiro daqui, a saudade e falta grandiosa que me transportam até aí, pra junto de vocês, e o amor que emana até no soprar do vento nessa noite de neve me fazendo lembrar cada momento que passei com vocês.

C.A.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

. Reviravolta,

Férias, tantas alegrias pra cultivar, tantos sonos perdidos para repor, amigos de tempos à rever, vida nova sem estresse para aproveitar, amores novos para sofrer.. mas se souber aproveitar um amor e não sofrer você sim será feliz!
A grande questão está em criar. É, vivo aprendendo comigo mesmo como criar novos planos para mim e meu ócio, pratico minha criatividade e de sobra ganho dias de folgas incríveis. Mas confesso, já estou passando por quase uma semana de minhas férias e ainda não pensei em nada pra fazer. Sei lá, esse ambiente é diferente do que passei no ano passado. Preocupações, agitações e novidades mudaram a rota marujo! O barco parece estar em turbulência por causa dos planos à cumprir, mas todos estão felizes mesmo assim. Eu ainda estou um tanto assustado com tudo, mas sigo o ritmo das outras pessoas.
Ouço Djavan, ouço a namorada, ouço One Tree Hill (mais do que vejo), ouço casamento. Sim, casamento! Mas não o meu. É tão estranho saber que você viveu sua vida inteira com uma pessoa e que de repente chega uma outra e arranca ela de você, a leva embora pra uma nova etapa e restringi os laços tão fortes de antes. Agora aprenderei ser filho único, sem irmã para encher o saco, pedir favores inoportunos, rir junto nas horas engraçadas, conversar horas sobre assuntos diversos, discutir assuntos importantes. Ah, que saudade eu vou sentir, até o dia em que me acostumar com a ideia. Pessoas importantes pra nós, deveriam ser guardadas sempre depois que usamos, como os brinquedos, mas se esquecemos uma unica vez de as guardar outra pessoa acabam se interessando e aí, por educação, você a divide. Mas como tratamos de pessoas o lance é diferente .. elas escolhem depois quem querem. Não deixaram a que não foi escolhida, mas adicionam pessoas especiais e experiências novas à caminhada de vida. Um olhar sincero à paisana nos revela o quanto é recíproco o seu sentimento e que aí sim vale a pena guardar para sempre aquele ser tão especial no coração. E então a turbulência vira festa e os trovões, jogos de luz para embalar o ritmo.

domingo, 31 de maio de 2009

Qual o tempo necessário?

Os mais velhos tem a simples mania de falar daquele tempo que tudo acontece tão rápido, os dias são tão curtos e você tem a sensação de não ter feito algo direito ou nem ter feito nada. Acho que ele chegou pra mim.
Na noite de domingo da semana passada tive um ataque de tristeza como se a semana ainda fosse demorar tanto, uma eternidade.. e então me equivoquei, pra variar. O destino constantemente me prova que ele não necessita de nós para acontecer, nós é que precisamos dele ou de sua humilde cooperação.
Na segunda-feira, manhã fria nublada, o sol mal queria aparecer.. mas nós reles mortais deveríamos estar na escola, no trabalho, num compromisso qualquer, mas tínhamos algo a fazer mesmo que simplesmente esperar os olhos abrirem, pra quem ainda continuou a dormir e o destino não nos deixa nem acordar de um sono para que haja e comece a traçar nosso dia. A aula passou tão rápido que até esqueci do problema com nota vermelha em matemática, não consegui acessar minhas notas pelo site do colégio, peguei o ônibus do mesmo horário e voltei pra casa menos cansado do que achei que estaria depois de quase dormir numa aula de história.
Terça, geralmente tenho prova, mas por algum motivo não tive. Na aula de inglês assistimos o segundo episódio de Kyle XY, que por sinal é umas das melhores séries na minha opinião, e quando me dei conta já estava no recreio vendo um hipopótamo pisar no meu tênis branco, depois do estresse chegou o sexto horário e então já era noite.
Quarta, quinta e sexta foram iguais e abreviavam ainda mais cada momento, descobri que ainda faltavam sete pontos para acrescentar a minha nota de matemática e que o professor ficará um tempo fora para lançar seu livro (sei lá do que) em Portugal.. Pensei pela milésima vez em qual curso escolher e de novo cai na mesma dúvida que me cerca (dúvida secreta, hehe), assisti alguns clips na MTV, tentei ler alguma coisa no Uol, mas algo me chamou no msn... era alarme falso. O frio do começo da semana havia se transformado em sol quente e calor excessivo. Parece ser o suficiente para se fazer em uma semana.. mas passa tudo muito rápido.
Sábado: Acordei cedo pra pegar o ônibus, andei devagar até chegar o horário de aula.. até que parei numa pracinha. Aqueles bancos vazios, sem idosos contando casos da segunda guerra mundial ou da juventude cômico-romântica, sem bagunça, sem sons de propaganda... tudo parecia traçar um rumo tão bom para aquele dia e nem percebi se foi mesmo assim que aconteceu.. meu sábado pareceu ter durado tão pouco..que agora me recordo mesmo que namorei muito pela noite :D disso, eu não poderia esquecer.
E então, hoje já é domingo tenho mil coisas pra fazer, mas não tenho ânimo pra nenhuma.
O destino acelera meu relógio e me mostra que não se habituou a me esperar e que isso não acontecerá.. mas ele pôs em meu caminho alguém tão especial que até esqueço da pressa que ele tem de ver os próximos capítulos dessa história.. hehe :D
Terão muitos ainda, ah terão sim!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

. romance

Desde aquela quarta-feira não consigo me alimentar direito, fico horas a fio a lembrar dos últimos momentos com você, pensando no que mais poderia ter feito ou falado e chorando, muito. É difícil aceitar quando nos arrancam a metade do coração.
Se fecho os olhos posso te ver correndo para meus braços.
Sabe, hoje visitei sua mãe. Ela ta realmente mal, não me contive quando ela apareceu com uma foto sua nas mãos e com as lágrimas a molharem o rosto, chorei.
- Eu dei um abraço tão forte a última vez que ela se despediu de mim para ir à faculdade, foi como se Deus tivesse mandado o recado e que era aquele o último momento. Disse ela sussurrando em meio ao choro fraco.
A D. Glória seguiu pelo corredor tão atordoada, que até esqueceu de se despedir.. ela ainda sentia o cheiro da Chris no ar. Eu também podia sentir.
Saí desolado, andando pela calçada e revivendo em mente, todos aqueles momentos de dois anos e quatro meses. Nada mais lindo e mais triste vinha a minha cabeça, senão o dia em que a vi sorrir para mim e dizer que sim, aceitava namorar comigo. Fora o sorriso mais lindo que vira, desde então vieram muitos de presente.
Cantei nossa música naquele banco da Praça Central. Ali, onde a música surgiu do nada, como num filme. Nossos lábios sabiam o caminho por onde chegar ao local certo, nossos olhos fechados nos faziam sentir a emoção do momento e foi então que nossos corações confirmaram nosso amor. Ah minha linda, me dói tanto saber que nada que eu possa fazer mudará o destino que nos separou.
O Gabriel me encontrou na rua, pensativo também:
- Cara, eu tinha que te ver. Preciso entregar algo que achei nos materiais da Chris naquele triste dia. Esta carta. Eu to contigo irmão! Ele me entregou a carta, choramos por alguns minutos.. e ele disse que ficaria tudo bem, e eu tentei acreditar nisso.
Sentei ali mesmo, na grama verde que transpirava vida, tão diferente de mim e pensei em tudo que me lembrava você antes de abrir aquela carta. E então abri:

Meu amor,
Estar ao seu lado me dá plena convicção de que a cada dia que passa, o meu amor por você se confirma nos seus simples gestos, como quando me pegou no colo aquele dia de chuva e não deixou que sujasse meus pés na lama ao chão, eu me senti tão segura, protegida!
Sua vontade excessiva de querer me acarinhar, saber se estou bem.. me deixa mais feliz, e às vezes não sei se mereço tanto...


Fechei a carta, o medo de saber o que estava escrito ali e acabar com tudo o que nós vivemos foi mais forte que eu. Fui ao parque que havia por ali, me sentei na calçada à sombra e olhava àquelas crianças.. meu sonho era poder um dia ter construído uma família junto a você Chris, havíamos até pensando em um nome para o bebê, Ane. Era uma espécie de intuito, seria uma menina, princesinha da casa. Mas o tempo não foi suficiente para nós dois.
Um senhor que aparentava ter uns sessenta anos, acentou-se a meu lado, não sei como, mas ele disse que passara por uma perda na juventude e que ele não desistiu da vida, mesmo com tamanha dor no coração. As lágrimas estavam secando e meu peito doía sempre que eu olhava a carta, amassada em minha mão suada.
- A perda é dolorosa, alivie sua alma ao menos um pouco. Disse o velhinho, que me deu um abraço e cochichou em meu ouvido: - Ela o amava, esteja certo disso.
E enquanto eu olhava para a carta encorajado pelas palavras desse homem, ele desaparecera de repente, como se viesse para trazer uma mensagem. Sem pensar muito, continuei a leitura...

.. sei que tenho falhado com você, por não retribuir tudo o que faz a mim. Meu amor, me desculpe, quero que tenha certeza de que seria muito difícil pra mim, viver sem te ter por perto.
Na semana passada estava com aqueles probleminhas de saúde, mas hoje fiquei sabendo que não havia problema algum, era apenas nossa solução. Lembra daquela família feliz que planejamos? Ela está quase completa, faltam apenas uns oito meses para a próxima integrante, e então estaremos completos. Ah, era tudo que desejei pra mim. Pra nós!
Amanhã comemoraremos juntos nosso futuro.

PS: Desculpe-me por falar isso por carta amor, mas sou à moda antiga, você sabe.
"Eu sei que vou te amar, por toda minha vida vou te amar", nossa música!


Nosso plano foi realizado minha linda, foi sim! Vivemos por um mês o sonho com nossa querida Ane. Estou bem aqui e você estará sempre comigo, aqui, no meu coração.

(Por Lucas Cavalcante)





PS. A história é fictícia

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ser. Humano.

" Certo filósofo disse que o ser humano é um ser montado em um porco, mas acho que esse porco está proporcionalmente grande para esse ser" (Lya Lufth)
Como ser humano? Nosso lado preponderante seria o lado "ruim", aquele que todos nós temos? A tendência para ferir pessoas estaria ligada a necessidade extrema de auto-valorização?
A colunista Lya Lufth, trouxe como tema de sua página na Revista Veja dessa semana o questionamento à essa sujeira impregnada em nós, seres racionais e pensantes. Não deveria, portanto, afetar tanto assim essa surra de verdades desmascarada afinal os meios de comunicação propagam essa ideia de bondade, fraternidade e filantropia aos quatro cantos, mas nem sempre atingem seus pontos altos no alcance da diminuição da criminalidade ou até mesmo na tolerância esperada num engarrafamento de trânsito tão cotidiano. Mais do que campanha da fraternidade, que propicia um momento de exaltação a paz e conscientização, as verdades precisam ser ditas em seus termos corretos mesmo que firam nossa falsa tese de que não cometemos certos erros condenáveis por causa de nossa crença pessoal ou que nossa moral e ética não falham nunca. Bom seria se fosse mesmo assim, mas não. O homem carrega consigo partículas do que é correto e do que é errado, e como tal também tem lá seus pensamentos sórdidos e mesmo que não o percebamos, eles revelam que somos imersos no mal de procurar defeitos nos outros com tanta facilidade e não sermos capazes de perceber uma qualidade ainda que estampada ante a nós. Só precisamos entender que somos de um mesmo grupo e como participantes dele temos nossas características coletivas, tal como individuais, não sendo preciso então, colocarmos o outro na inferioridade para alimentar nosso ego e satisfação interior. Nos completamos como num quebra-cabeça e se não encontrarmos as igualdades que existem entre nós, o tumulto de nossos neurônios egoístas nos farão sofrer a dura melancolia de sentir a todo instante que ali, bem perto, falta um pedaço .. ainda existe uma lacuna.

(Lucas Cavalcante)